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Artigo “Uma Globalização apaixonante, mas uma Europa de Líderes sem visão”

Crónica por Rui Ribeiro, Diretor Executivo da Universidade Lusófona Information Systems School – Jornal SOL – Edição 8 julho 2017

É inegável que a globalização do mundo está cada vez mais presente, onde a tecnologia permitiu acelerar todos os processos de comunicação e transação económica e social. Avizinham-se tempos ainda mais apaixonantes pelo alicerçar de um mundo mais automatizado/robotizado, com carros autónomos, assistentes de casa, fábricas robots, sensores e chips no corpo humano, entre muitas outras peças de inovação com benefícios de conforto e eficiência nunca antes alcançada.

Este é de facto um mundo apaixonante liderado, essencialmente, pelos líderes empresariais visionários e ambiciosos como Elon Musk, Jeff Bezzos, Larry Page, Jack Ma, Melinda Gates, entre muitos outros. Este mundo empresarial visionário tem sido pouco acompanhado pelo mundo político e social na última década com honrosas exceções, como o Papa Francisco ou o primeiro ministro canadiano Justin Trudeau. Estes são dois casos demonstrativos de que quando há paixão honesta no que se faz, rapidamente se criam ligações com as populações. Estamos atualmente a viver uma nova Revolução Industrial, com a ebulição da inovação tecnológica, sendo que a paixão das revoluções industriais deve ser o catalisador de lideres apaixonados por serem visionários, agregadores e protetores de um bem estar comum global.

É nesse sentido que hoje na Europa olhamos para os vários líderes e vemos falta de paixão e ambição no que fazem. Este sintoma sente-se e vive-se quando as populações são chamadas a dar opiniões, em particular em eleições e referendos. Recentemente vivemos dois casos paradigmáticos desse fenómeno em Inglaterra e em França. Em Inglaterra, a população demonstrou que não se sente liderada efetivamente por alguém que quis usar as tradicionais, e hoje antiquadas, armas políticas de antecipar taticamente eleições. Em França, o caso é ainda mais gritante, o da morte dos partidos políticos tradicionais e o ressurgir de novas forças políticas, na qual a população se refugiou, não por um verdadeiro amor, mas pelo cansaço da politica e partidos antigos, incapazes de evoluir.   O problema destes e de mais casos na europa, e no mundo, é que continuamos a ver pouco rumo, pouca visão, pouca paixão e muito taticismo, muita procura de manutenção de interesses pessoais e pouco interesses de países e comunidades. A liderança europeia da srª Angela Merkel é pouco clara e muito pesada na ambição, isto é, manter o que está e sem grandes ondas. A primeira ministra inglesa Theresa May transmite uma neblina, não se percebe o que vem para lá do dia seguinte. O presidente Emmanuel Macron tem atualmente um teste essencial na Europa para evitar o crescimento de forças mais extremistas de esquerda e direita, o de mostrar que existem novos políticos capazes de criar novas formas de liderar em prol do crescimento sustentado, pese embora até agora todos os discursos serem demasiado artificiais, isto é, não foi ainda capaz de demonstrar que tem verdadeira paixão natural no que faz e porque o faz. Em conclusão, a Europa e os seus povos precisam de acreditar numa visão, em caminhos, em opções concretas, e só acreditam se tiverem políticos de paixão e por paixão.

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